Hoje é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Para comemorar a data, Caixa Preta lista 10 discos imperdíveis gravados por artistas e bandas (majoritariamente) femininas.
THE RUNAWAYS - "The Runaways" (1976)
Idealizado pelo compositor e agitador cultural Kim Fowley, as Runaways foram o primeiro grupo de rock formado apenas por mulheres a atingir o sucesso. Ainda adolescentes, Cherie Currie, Joan Jett, Lita Ford e Sandy West gravaram um emblemático álbum de estreia. Repleto de canções festeiras e provocadoras, o disco é um amálgama de hard rock e glam, perfeito para animar qualquer noite de sábado. "Cherry Bomb", a faixa que abre o álbum, tornou-se a canção mais conhecida das Runaways, e o cover de "Rock & Roll", de Lou Reed, é daqueles que devem ter feito ferver as noitadas na Sunset Strip, em Los Angeles.
GIRLSCHOOL - "Hit and Run" (1980)
Quarteto inglês de heavy metal que ficou conhecido por seu pioneirismo em um gênero até então iminentemente masculino. A banda foi apadrinhada por Lemmy Kilmister e tem uma sonoridade que remete ao próprio Motörhead. Em "Hit and Run", álbum clássico do Girlschool, há riffs de guitarra à la "Fast" Eddie Clark e uma levada de bateria que lembra bastante o estilo do saudoso Phil "Animal" Taylor. O disco tem grandes canções, como "The Hunter" e a faixa título, além de um inesperado cover de "Tush", do ZZ Top.
ALANIS MORISSETTE - "Jagged Litlle Pill" (1995)
Podem me xingar, podem me crucificar, mas todo mundo tem direito a um 'guilty pleasure'. "Jagged Little Pill", de Alanis Morissette, dispensa apresentações. É um pequeno dicionário pop adolescente, com letras confessionais e uma cantora no auge da forma. Tem hits crocantes como "Ironic", "You Oughta Know", "Head Over Feet" e "You Learn", e participações de Flea (Red Hot Chili Peppers) e Dave Navarro (RCHP e Jane's Addiction). Vendeu 33 milhões de cópias e fez a cabeça de 9 em cada 10 garotas em meados dos anos 90. Alanis, infelizmente, nunca mais repetiu a proeza e a música pop ficou condenada a cantoras bem menos talentosas desde então.
BJÖRK - "Post" (1995)
Compositora, atriz, multi-instrumentista e uma das maiores e mais singulares cantoras da música pop. A islandesa Björk começou cedo, como artista mirim. Mais tarde, de 1986 a 1992, integrou a banda new wave The Sugarcubes, dos hits "Deus" e "Regina", com a qual gravaria três álbuns. Sua carreira solo virou do avesso as convenções do pop, com arranjos complexos e inusitados, orquestrações e 'electronica'. O álbum "Post", de 1995, é uma obra-prima que traz faixas incríveis como "Army of Me", "Possibly Maybe", "Hyperballad" e aquela que talvez seja uma das canções mais lindas já escritas: "Isobel", com arranjos do brasileiro Eumir Deodato.
HOLE - "Celebrity Skin" (1998)
O Hole não era uma banda 100% feminina, já que um de seus fundadores é o guitarrista Eric Erlandson. Mas a figura central do grupo, cantora e guitarrista, é mesmo Courtney Love. Além dela, o Hole teve ainda, em sua fase mais popular, a baixista canadense Melissa Auf Der Maur e a baterista Patty Schemel. "Celebrity Skin" não é o disco mais adorado entre os fãs da banda -esse posto fica com "Live Through This"-, mas funciona como uma usina de hits. Courtney está em sua melhor forma como vocalista, a produção é impecável e há canções soberbas, do quilate de "Malibu", "Awful" e a faixa título, que é um rockaço.
LE TIGRE - "Le Tigre" (1999)
Se você não esteve em uma pista de dança nos anos 90 ao som de "Deceptacon", então não viveu aquela década. O disco de estreia do Le Tigre, banda liderada pela ativista Kathleen Hanna, ex-Bikini Kill, produziu a música certa na hora certa. Mistura dançante de pós-punk com electro, o Le Tigre ainda despejou sobre a audiência letras ácidas e feministas, homenageando ícones como Yoko Ono e Sleater-Kinney, e colocando na mira figuras masculinas como o ator e cineasta John Cassavetes. Além de "Deceptacon", o disco ainda trouxe outro pequeno hit com "Hot Topic". O Le Tigre gravou outros dois discos, em 2001 e 2004, antes de encerrar as atividades.
PJ HARVEY - "Stories from the City, Stories from Sea" (2000)
A inglesa Polly Jean Harvey tem uma discografia bastante peculiar. Para cada disco torto e experimental que lança, compensa no seguinte com uma fornada de canções mais acessíveis. Seu álbum de 2000 pertence à segunda categoria e respira Nova York. "Stories from the City, Stories from Sea" tem algumas pedradas, como "Big Exit" e "This is Love", e outros momentos de suntuosa melancolia. O disco vendeu 1 milhão de cópias ao redor do mundo e PJ defendeu parte desse repertório ao vivo em São Paulo, no ano de 2004, num show arrebatador.
BRATMOBILE - "Girls Get Busy" (2002)
Fundado pelas universitárias feministas Allison Wolfe e Molly Neuman, editoras do fanzine "Girl Germs", o Bratmobile é mais uma banda oriunda da prolífica cena musical de Olympia, no estado norteamericano de Washington. O grupo, completo por Erin Smith, fez parte da primeira geração de riot grrrls e lançou três álbuns. "Girls Get Busy", último deles, editado em 2002 pela Lookout Records, tem adição de teclados e canções que alternam fúria e melodia. "Shop for America" é a grande faixa do Bratmobile e remete a Fugazi e ao pós-hardcore da década de 90.
THE DONNAS - "Gold Medal" (2004)
Banda californiana -foto na abertura do post- que começou como uma espécie de Ramones de saias, apresentando um punk bubble gum adolescente e mal tocado. Evoluíram muito rapidamente. A partir do terceiro disco, "Turn 21", já tinham encontrado sua personalidade e melhorado demais como instrumentistas. O álbum "Gold Medal" é talvez o mais pop do grupo - e num sentido nada pejorativo. A qualidade da produção impressiona e a safra de canções é de primeiríssima, oferecendo flertes com country e rock clássico. Impecável.
ANNA CALVI - "Anna Calvi" (2011)
Inglesa, filha de pai italiano, Anna Calvi assinou um dos melhores álbuns de 2011. Sua estreia em disco assombra pelo vozeirão e seu estilo como guitarrista, que herda algo de Link Wray e dos temas 'vibratto surf' do maestro Ennio Morricone. Suas composições são deliciosamente misteriosas e remetem a filmes imaginários - seja de western ou de surrealismos à David Lynch. "Suzanne and I", "The Devil" e "Blackout" são algumas das pérolas desse disco cool e fantasmagórico.
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BÔNUS: +10 discos de bandas femininas de garage, punk, pós-punk e indie rock.
- Shonen Knife - "712" (1991)
- L7 - "Bricks Are Heavy" (1992)
- Lunachicks - "Binge and Purge" (1992)
- Babes in Toyland - "Nemesisters" (1995)
- 7 Year Bitch - "Gato Negro" (1996)
- Tribe 8 - "Role Models for Amerika" (1998)
- Sleater-Kinney - "The Hot Rock" (2000)
- The Detroit Cobras - "Baby" (2004)
- Sahara Hotnights - "Sparks" (2009)
- Savages - "The Answer" (2015)
2 comentários:
Cadê o L7?
"Bricks Are Heavy" bateu na trave! Acho que vou fazer uma lista de bônus com alguns discos que ficaram de fora.
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