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Uma prosa com Jello Biafra

Em pouco mais de 20 anos de jornalismo musical diletante, entrevistei alguns personagens importantes na história do punk americano.

Ian MacKaye (Minor Threat/Fugazi), Jerry Only (Misfits), Mike Muir (Suicidal Tendencies), Shawn Stern (Youth Brigade), entre outros.

Faltava um dos maiores.

Na sexta-feira passada, dia 29, falei com Jello Biafra por telefone. A conversa durou cerca de 35 minutos e foi publicada hoje no Portal Rock Press como aquecimento para os shows certamente históricos que Jello realizará nos próximos dias no Brasil (leia mais aqui).

Biafra sintetiza tudo que se imagina de um artista que está umbilicalmente ligado à história do punk. É altamente politizado, sarcástico, um grande letrista e observador da sociedade. A coerência de sua obra musical e de seu ativismo são sustentados pelo binômio talento/integridade.



Conheci o Dead Kennedys em 1986, quando a emblemática banda de San Francisco se separava e, de tabela, aumentava o vazio numa época em que o punk começava a definhar (o Black Flag, só pra citar outro exemplo, acabou no mesmo ano).

Curiosamente, enquanto a ressaca tomava conta da cena na América e na Europa, um quase desapercebido boom de punk rock dominou a 'classe de 86' em São Paulo. As divertidas "Ashtma" e "Nellie the Elephant", do Toy Dolls, tocavam nas festinhas da época e o disco de estreia do Dead Kennedys, lançado originalmente em 80, era editado sem autorização por aqui através da gravadora Continental. Tocou até no rádio e, dizem, vendeu cerca de 30.000 cópias, das quais Jello Biafra e seus comparsas não viram um centavo sequer.



Três anos depois o vocalista reaparecia num projeto com a visceral banda canadense D.O.A e, daí por diante, comprei tudo que Jello gravou.

Ouvindo cada parte dessa discografia imponente, dá para entender a reverência com que o mais importante punk vivo será recebido no Brasil para divulgar o excepcional The Audacity of Hype.

Para preparar os ouvidos, o Caixa Preta montou um Top 20 com uma canção escolhida de cada disco gravado por nosso terrorista predileto (pra chegar no número, incluímos faixas inéditas de uma trilha sonora, uma coletânea e uma participação num álbum do Napalm Death).

Se tiver paciência, monte o tracklist e já entre no clima dos shows:

  1. Holiday in Cambodia (DK's, Fresh Fruits for Rotten Vegetables, 80)
  2. Nazi Punks Fuck Off (DK's, In God We Trust, Inc, 80)
  3. Moon Over Marin (DK's, Plastic Surgery Disasters, 82)
  4. This Could Be Anywhere (DK's, Frankenchrist, 85)
  5. Chickenshit Conformist (DK's, Bedtime for Democracy, 86)
  6. Full Metal Jackoff (w/ D.O.A., Last Scream of the Missing Neighbors, 89)
  7. Message from Our Sponsor (w/ Keith LeBlanc, Terminal City Ricochet, 89)
  8. The Power of Lard (Lard, The Power of Lard, 89)
  9. Fork Boy (Lard, The Last Temptation of Reid, 91)
  10. Fireball (Tumor Circus, s/t, 91)
  11. Bad (w/ Nomeansno, The Sky is Falling and I Want my Mommy, 91)
  12. Convoy in the Sky (w/ Mojo Nixon, Prairie Home Invasion, 94)
  13. Sidewinder (Lard, Pure Chewing Satisfaction, 97)
  14. Electronic Plantation (No WTO Combo, Live from the Battle in Seattle, 99)
  15. 70's Rock Must Die (Lard, 70's Rock Must Die, 00)
  16. Allah Save Queens (w/ Carpet Bombers for Peace, Salt in the Wound - EP, 03)
  17. Plethysmograph (w/ The Melvins, Never Breath what You Can't See, 04)
  18. Those Dumb Punk Kids (Will Buy Anything) (w/ The Melvins, Sieg Howdy, 05)
  19. The Great and the Good (w/ Napalm Death, The Code is Red..., 05)
  20. I Won't Give Up (JB & TGSOM, The Audacity of Hype, 09)

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