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Black Sabbath e a arte de criar Paranoid, o disco

Ainda bem que existe música gravada. Não fossem os discos, e seria impossível ilustrar as evoluções na engenharia de som ou pontuar a carreira de um artista.

Talvez isso explique porque, em plena era digital, ainda se grave álbuns. Ninguém pensou em nada melhor para encapsular o zeitgeist do que produzir um disquinho de plástico, com título, capa, encarte e todo o resto.

A série "Classic Albums", do canal VH1, consagra a ideia do disco como o testamento de um artista para a história. Um de seus mais recentes episódios, dedicado ao emblemático Paranoid, do Black Sabbath, chega em DVD ao Brasil.

É imperdível ver os quatro senhores ingleses dissecando, cada qual à sua maneira, aquela que foi a pedra fundamental do heavy rock, gravada em 1970.

Paranoid não representa o apogeu técnico e criativo do Sabbath, mas sua importância histórica se justifica pela quantidade de invenções que continuam a ser copiadas 40 anos depois: da palhetada em "Hand of Doom" às duas toneladas de peso de "Electric Funeral".


Como já é de praxe em "Classic Albums", somos levados ao estúdio para ouvir os masters, enquanto o engenheiro de som original -Tom Allom- desliza os botões para destacar as pistas de gravação de baixo, guitarra, voz e bateria.

O segmento sobre a balada riponga "Planet Caravan" é um de meus favoritos. Que tal ver Toni Iommi tocando a canção no violão depois de décadas? E descobrir que alguns dos efeitos na música eram apenas de botões sendo ligados e desligados no estúdio?

Cada canção tem sua história. Geezer Butler confirma a lenda de que "Fairies Wear Boots" é uma sacanagem de Ozzy com os skinheads que lhes distribuíam botinadas. Já "Iron Man" ganhou esse título pela sonoridade de guitarra estranha e metálica e que Iommi revela como foi obtida.

A conjuntura sociocultural também explica muita coisa sobre o repertório. O álbum, como há muito revelado, era pra ser chamar War Pigs, mas a Warner Bros, receosa de entrar numa saia justa em plena Guerra do Vietnã, descartou a ideia.

A capa já estava pronta e uma canção escrita de última hora virou o novo título do disco. Um dos acidentes mais felizes da história do rock.

Bill Ward relembra que "Paranoid" foi composta em 20 minutos, após a banda voltar do pub com a tarefa de preencher mais 3 ou 4 minutos no disco. Toni Iommi sacou o riff da cartola e a banda apenas foi atrás.

O álbum vendeu 8 milhões de cópias nos EUA. E entrou para a história.


Trailer do episódio de "Classic Albums" dedicado a Paranoid.


"Electric Funeral", ao vivo, em 1978, na última e atribulada turnê com Ozzy.

1 comentários:

Paulo Gonçalves disse...

"Planet Caravan" desafiou até os puristas do rock pesado: está mais para rock progressivo, e tem uma melodia de chorar! E é engraçado quando Tom Allom isola a voz de Ozzy em "Paranoid" e nota-se que ele está cantando uma letra que não faz sentido algum, somente para acompanhar as palhetadas de Toni Iommi e Geezer Butler, e as baquetadas de Bill Ward (como tocava esse batera! Vide DVD Live in Paris 1970). Tá louco!