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St. Patrick's Day: dia de ouvir Thin Lizzy

Ontem foi Dia de São Patrício -o tradicionalíssimo St. Patrick's Day- e nada melhor para comemorar a data que alguns pints de Irish Stout e uma overdose de Thin Lizzy.

São Paulo tem alguns bons pubs ao estilo irlandês. Um deles, O'Malley's, há anos traz a banda folk irlandesa Murphy's Law para alegrar os bebuns locais e estrangeiros que vestem verde e caem de boca em saborosas Guinness.

Mas no meu pub ideal só tocaria Thin Lizzy. Eu gosto de folk irlandês, especialmente de bandas como The Dubliners e Clancy Brothers, sem contar o maravilhoso The Pogues e seu amálgama de punk, folk e poesia de rua. Mas a definitiva banda irlandesa, aquela que enfiou o folclore gaélico no rock sem qualquer cafonice, foi mesmo o Lizzy.

Coincidência ou não, enquanto cidades inteiras se esbaldavam na festa popular mais divertida do planeta, eu devorava solitariamente a biografia "Philip Lynott: The Rocker", escrita pelo jornalista Mark Putterford.

O livro é ótimo. Embora seja econômico ao contar a infância de Philo, é riquíssimo em detalhes sobre suas aventuras musicais e extra-musicais. Desde as primeiras bandas -Black Eagles, Skid Row, Orphanage- até a gloriosa ascensão e queda com o Thin Lizzy.


Há curiosidades de sobra, como o último show do guitarrista original Eric Bell: concerto de final de ano em Belfast, sua cidade natal, e o cara simplesmente bebe durante 24 horas e é arrastado para o palco em estado deplorável. No dia seguinte, estava fora da banda e dando graças a Deus por isso: "Era perder o Thin Lizzy ou minha vida. Escolhi sobreviver".

E que tal descobrir que Freddie Mercury dava chiliques no camarim quando o Lizzy abriu uma turnê americana para o Queen: "Estão ouvindo os aplausos? É mais um bis! Tirem esses caras do palco!".

Surpreende também que o primeiro hit da carreira, a magnífica versão de "Whiskey in the Jar", tenha sido gravado com muitas ressalvas pela banda. Eles temiam ficar estigmatizados, mas tiveram ali seu primeiro lampejo de fama.

Lynott era adorado por muita gente. Fiel a seus colaboradores, filho amoroso e um inveterado ladies' man. Talvez por isso, conseguia ter as amizades mais malucas: era chapa de Phil Collins e Mark Knopfler, amigo do peito de Huey Lewis, brother do Lemmy, companheiro de excessos de Bob Geldof e abriu sua casa para Sid Vicious injetar heroína e ser fotografado com Nancy no banheiro...

Não fosse suficiente, ainda montou a banda de covers The Greedy Bastards com Steve Jones e Paul Cook, dos Sex Pistols, e alguns colegas do Thin Lizzy. Já imaginou Jones e Cook tocando "The Boys Are Back in Town" e "Pretty Vacant" junto com Gary Moore e Jimmy Bain (baixista do Rainbow e do Dio)? Isso aconteceu. E no fim dos 70's.

Impressiona ainda a sequência interminável de gravações e turnês. Não havia descanso entre viagens e discos. Nessas andanças todas, Lynott e turma se meteram em aventuras surreais. De fugirem de um sósia do Barry White -armado- pelas ruas de Memphis até o convite para serem jurados de um concurso de misses na Austrália.

O livro traz depoimentos de praticamente todos os personagens-chave na vida de Lynott. Sua adorada mãe, todos os companheiros de banda, roadies, empresários, executivos de gravadora, agentes e outros músicos.

No Dia de São Patrício, a antiga frase de Philo faz ainda mais sentido: "Everybody's got a little Irish in them".

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