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O SWU pela TV

Nunca fui adepto de festivais. Na década de 90, estive em algumas edições do finado Hollywood Rock. Nos anos 00, cobri os shows de Kraftwerk e PJ Harvey no TIM Festival -que nem era algo tão grande assim-, e Stooges e Fantômas no Claro q é Rock.

Mas ir até Itu no meio de um feriado para enfrentar filas quilométricas, estacionamento a preços escorchantes e (muita) gente que está ali sem estar ali, não dá.

Isso sem falar do frio. Mas nesse aspecto, o SWU não devia estar pior que o cultuado festival Juntatribo, realizado na vizinha Campinas em 1994, onde me senti um picolé coberto de terra.

Seja como for, acabei vendo alguns shows do SWU. Pela TV. Coisas boas e outras nem tanto.

Rage Against the Machine impressionou. Zack de la Rocha mantém o pique de 15 anos atrás e Tom Morello, como se sabe, é um tremendo guitarrista. O set-list também ajudou: "Testify", "Bombtrack", "Bulls on Parade" e "People of the Sun" logo de cara. As câmeras mostravam a massa pulando sem parar.

Me lembrei de quando ouvi o grupo pela primeira vez, no início de 1993, na Virgin Megastore da Piazza Duomo, em Milão. Era o som ambiente da belíssima loja, mas não consegui descobrir quem tocava aquela mistura enfezada de rock e rap que lembrava os pais da matéria, Urban Dance Squad. Meses depois, já não dava pra ignorar o RATM nas rádios brasileiras e na MTV.

Nem deu tempo de voltar ao presente e despencou um balde de água fria com cara de Brasil: o show no SWU é interrompido por falta de segurança. Uma voz sai dos auto-falantes pedindo a cooperação de...50 mil pessoas. Broxante é pouco.

Não sei se por isso, mas o Multishow não exibiu o show na íntegra. Na noite seguinte, uma repórter afirmou que alguns equipamentos da emissora foram destruídos na confusão.



Queens of the Stone Age, como se previa, fez um set explosivo. Repertório esperto que passeou pela discografia. Pra começar os trabalhos, a dinamite sonora de
"Feel Good Hit of the Summer", do primeiro álbum Rated R. Depois, material recente como as poderosas "3's & 7's" e "Sick, Sick, Sick" do ótimo Era Vulgaris.

Josh Homme curtia o momento: "What a magic fuckin' night". Mas o público, pelo menos o que se via pela TV, não repetia o êxtase dos fãs do RATM. Estranho, inclusive, pensar que o QOTSA, com seu som que não é o rockinho insosso de um Kings of Leon, nem o metal vira-lata do tal Avenged Sevenfold, possa ser apreciado por grandes multidões.

Se até então os dois shows, vistos do conforto do lar, foram de primeira, o mesmo não se pode dizer dos highlights exibidos enquanto os repórteres enrolavam o espectador. Capital Inicial fazendo um cover da abobrinha "Mulher de Fases", Jota Quest e suas macaquices envelhecidas e a combinação universitária de Joss Stone e Sublime. Só faltou o Jack Johnson para eu, mesmo de casa, desistir do festival.

Para compensar esse best of em forma de pesadelo, a cobertura do Multishow nos brindou com entrevistas hilárias. Fred, o ex-Raimundo, emocionado com a homenagem de Dinho Ouro Preto e dando um cano sobre qual música do Pixies queria ouvir. Igor Cavalera reinventando a roda pra (tentar) dizer que o SWU tem uma importância do tamanho do primeiro Rock in Rio. E os "fãs", claro, que não sabiam dizer o nome de UMA música dos artistas que tinham ido ver.

Aí veio o Pixies...

Uma apresentação xaroposa e protocolar da banda que se juntou para turnês nostálgicas. Nem um disquinho novo sequer. E Frank Black desafinado, Kim Deal com meia tonelada e o baterista, de quem o nome me escapa, atravessando o samba.

Mesmo assim, talvez pelo culto que existe em torno da banda, recebeu do público muito mais do que ofereceu. "Monkey Gone to Heaven", "Planet of Sound" e "Where is my Mind?" seguraram a onda, ainda que em execuções ordinárias. A comoção da massa -me espanta que os Pixies tenham tantos fãs- seria mais merecida pela turma de Josh Homme.

Com as opções de shows no Brasil -só esse ano já tivemos maravilhas como ZZ Top, Social Distortion e Supersuckers por aqui-, é de se perguntar o porquê de encarar todos os perrengues para acompanhar in loco um festival em Itu.

Vendo pela TV, até que deu pra imaginar.

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